Estava a voltar da habitual saída ao café, já era muito tarde, sozinho numa noite de frio. Já perto de casa, ouvi passos atrás de mim; virei me de repente receoso e deparei me com um cão, um de aqueles rafeiros de pêlo molhado que costumam estar perto da zona.
Tive medo que me atacasse a início, confesso. Mas após ter cruzado a minha direcção continuou no seu caminho e pensei que não o visse mais. Uns 10 metros à frente voltei a vê-lo, desta vez a andar mais ou menos junto a mim, e bastou isso para criar uma afecção ao canito. : ]
Avançei até estar a 5 metros da porta do prédio, e lá foi ele andando por aí. Fiquei parado para ver a sua reacção, a marcar território, a reagir a sons estranhos, a cheirar o seu redor… enfim… ser cão! Isto tudo às silenciosas duas horas e meia da manhã. Durante um momento olhou para mim e veio ter ao meu lado. Como que se fôssemos amigos depois de apenas 3 minutos juntos.
Andei mais bocado com ele ao meu lado, tentando o despistar pois sabia que não podia levá-lo comigo. Entrei no prédio e atrás da porta de vidro ele apareceu. Senti um pequeno aperto no coração mas fui embora para o elevador.
Ao subir, não pude deixar de pensar no quanto eu e aquele cão somos parecidos. Ambos noctívagos, ambos aventureiros, ambos solitários, ambos à procura de amigos...
Muito belo o teu texto, e ao mesmo tempo retrata a situação terrível dos animais abandonados.
ResponderEliminarApesar de tudo, a tua solidão e a tua procura terão com certeza uma resposta mais fácil e mais rápida do que a do pobre animal.
Abraço.